sexta-feira, 4 de abril de 2014

SELEUCO II CALÍNICO (246 – 225 a.C.) - PARTE III

A Guerra contra os Parnos
Em 245, o sátrapa da Pártia, Andrágoras, seguindo o exemplo de Diodoto (I) da Báctria, se tornou independente do governo selêucida chegando, inclusive a cunhar moedas com sua efígie portando o diadema real. Mas, o reino de Andrágoras não durou muito. Diante da derrota de Seleuco II para os gálatas em Ancira, os parnos, uma tribo cita nômade de salteadores, se sentiram confiantes para investir contra Andrágoras e tomaram a parte do norte da Pártia, uma região conhecida como Astavene. Os parnos já começaram a se rebelar contra o governo selêucida nos dias de Antíoco II (261 – 246 a.C.), quando Tiridates, um líder parno, matou Perecles, o governador selêucida do distrito de Asaak, que o havia insultado. Sua crescente independência tanto de Seleuco II como do rei da Báctria, Diodoto I, que reivindicava domínio sobre eles, resultou na tomada de toda a Pártia. Andrágoras foi morto pelos parnos em 235 e Arsaces (ou Tiridates) avançou mais ao sul e apreenderam o restante da Pártia bem como a satrápia da Hircânia. 
Moeda com a efígie de Andrágoras com diadema (indicando seu status real) e a carruagem da Vitória
Seleuco II começou a se preparar para retomar suas terras no Oriente. Antes de partir, ele parece ter selado um acordo de paz (antes de 236) com seu irmão Hierax, que tem que lidar com o crescente poder de Átalo I, rei de Pérgamo, que expande seus territórios na Ásia Menor à custa dos territórios do reino de Hierax. Átalo I se arvora em campeão dos gregos, enquanto Hierax se volta mais para os “bárbaros” da Anatólia (gálatas, capadócios, pônticos). Antes do acordo de paz, a cidade fenícia de Arado se posicionou em favor de Seleuco II e fez um tratado com ele para receber refugiados políticos (237 a.C.). Com seu irmão entretido com os pergamenos, Seleuco II pode se voltar para o Oriente (230 a.C.).
Moeda do reinado de Seleuco II cunhada em Susa, Elão, atual Irã, com as representações de Héracles e Apolo
Os temores dos parnos diante das pretensões de Diodoto I da Báctria cessaram com a morte do rei e eles fizeram um acordo com seu sucessor, Diodoto II, que possivelmente temia o avanço de Seleuco II para recuperar terras no Oriente. Diante do avanço do exército selêucida, os parnos, liderados por Arsaces I, se retiram para o deserto, para a região da tribo dos apasiacas. No entanto, houve enfrentamento. Segundo algumas fontes, Seleuco II foi feito prisioneiro por vários anos por Arsaces. De acordo com outros, ele fez as pazes com o líder parno reconheceu a sua soberania. Os especialistas tendem a seguir a versão de um acordo após uma derrota conforme registra o historiador romano Justino: os parnos obtiveram uma vitória decisiva sobre Seleuco II a ponto de tornarem a essa ocasião uma celebração nacional. Com os assuntos do Ocidente (as investidas de Antíoco Hierax) demandando sua presença, Seleuco II retira-se e Arsaces e os parnos retomam a Pártia definitivamente. A partir daí eles passam a ser chamados de os partos.

A Queda de Antíoco Hierax
Enquanto Seleuco II estava lutando contra os parnos, Antíoco Hierax perdia terreno e influência para o rei Átalo I de Pérgamo. Assim, passou a investir contra as terras de seu irmão na Mesopotâmia (229 a.C.) talvez objetivando passar a Antioquia da Síria, a capital de Seleuco II. No entanto, após passar as montanhas armênias, Antíoco foi derrotado por Aqueu (sobrinho Seleuco II) e seu filho Andrômaco (cunhado de Seleuco II) e teve que se refugiar, inclusive ferido, nas montanhas. Ele espalhou a notícia de sua morte e enviou dois emissários, Filetero de Creta e Dionísio de Lisimáquia, ao acampamento de Aqueu para resgatar o “cadáver” do rei e dar-lhe o devido sepultamento sob a condição de se entregarem como prisioneiros de guerra. Como o corpo de Antíoco ainda não fora achado, Aqueu dispôs uma escolta de 4.000 homens para conduzir os emissários a seu retorno. A escolta foi atacada por Antíoco, trajando vestes reais, que fez grande estrago no destacamento. Evidentemente que essa vitória medíocre, aproveitando-se do respeito e boa-fé dos Antigos para com os mortos, não trouxe avanço à causa de Antíoco Hierax. Seleuco II está na Babilônia e Hierax tem que recuar.
Moeda do reinado de Seleuco II Calínico cunhada na Mesopotâmia com as imagens de Atena e Apolo
Antíoco se refugiou na corte do rei Ariarates III na Capadócia, onde sua tia Estratonice (III) era rainha. O rei capadócio fora inicialmente seu apoiador, mas Hierax percebeu que ele pretendia entregá-lo a Seleuco II e foge da Capadócia. Antíoco se volta novamente contra Átalo I. Átalo já o derrotara na Frígia em 229 a.C. Em 228 Hierax convoca seus mercenários da Galácia e invadiu novamente os territórios pergamenos. Átalo derrotou Hierax três vezes, primeiro no Afrodísio (santuário de Afrodite) perto Pérgamo e segundo próximo ao Lago Coloe na Lídia. Mais tarde no mesmo ano ele derrotou Hierax nas margens do rio Harpasos na Cária. Sem vitórias e amigos na Ásia e muito menos a misericórdia de seu irmão, Hierax busca asilo junto ao antigo inimigo de sua família, Ptolomeu III do Egito, que domina o Quersoneso Trácio, península na Trácia. O faraó ordena que Hierax seja mantido sob estreita vigilância. Entretanto, com a ajuda de uma cortesã que seduzira, Antíoco consegue escapar, mas foi morto por um bando de salteadores gálatas (226 a.C.).


O Fim do Reinado de Seleuco II Calínico
Aproveitando a confusão na Ásia Menor, o rei da Macedônia, Antígono III Doson conquista a Cária, antiga possessão selêucida, em c. 229-228. A Cária estava nas mãos de Ptolomeu III que apoiava a luta dos Estados gregos contra a dominação macedônica. Mas Seleuco II não se volta para a Ásia Menor para reivindicar a terra onde fora inicialmente coroado rei. Ele procura fortalecer seus domínios incontestes. Em 226 funda uma fortaleza perto de Antioquia. Demonstrando seus vínculos com o mundo helênico, ofereceu ajuda aos rodianos quando um terremoto afetou Rodes e derrubou inúmeros prédios, inclusive seu célebre colosso. É registrado que mandou vir do Egito estátua da deusa egípcia Isis e a exibiu em Antioquia. Em dezembro de 225, Seleuco II Calínico morreu ao cair do cavalo. Tinha cerca de 40 anos. Foi sucedido por seu filho Alexandre que adotou o nome de Seleuco (III). O historiador Justino relata que isso foi uma recompensa por seus crimes. Apesar de epíteto de Calínico, o triunfante, Seleuco II foi muito derrotado. Mas, legou a seu filho um reino combalido e diminuído, ainda vasto e rico o suficiente para inspirar seus sucessores a lutarem por ele.

FONTES:
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http://www.attalus.org/translate/polyaenus8B.html#50.1
http://www.cristoraul.com/ENGLISH/readinghall/GalleryofHistory/House-of-Seleucus/Chapter-10-SELEUCUS-II_AND_SELEUCUS-III.html
http://www.forumromanum.org/literature/eutropius/trans3.html#1
http://www.livius.org/be-bm/berenice/berenice_phernephorus.html
http://www.antikforever.com/Syrie-Palestine/main_palest.htm
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http://www.attalus.org/old/athenaeus13c.html#593
http://www.livius.org/cg-cm/chronicles/bchp-ptolemy_iii/bchp_ptolemy_iii_related_texts.html
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http://lexundria.com/j_ap/1.207/wst
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http://www.livius.org/pan-paz/parni/parni.html
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